quarta-feira, 10 de setembro de 2008
Semana Farroupilha
Começa em todo o Rio Grande do Sul uma das mais tradicionais celebrações da preservação da cultura brasileira, a Semana Farroupilha. No dia 20 de Setembro, data na qual é comemorado o início da chamada Guerra dos Farrapos, pessoas, homens e mulheres, vestidos a carácter, “pilchados” em suas melhores vestimentas, desfilam em seus garbosos cavalos pelas ruas da cidade.
A ocasião é realmente uma atracção única, que impressiona pela originalidade e grandiosidade. Além do desfile, durante esta semana, nos chamados Centros de Tradições Gaúchas(CTG) e nos Piquetes (versões menores dessas entidades tradicionalistas), as pessoas que vêm do interior do município montam dezenas de acampamentos. É uma verdadeira viagem no tempo, com fogo de chão, churrasco, chimarrão e uma maneira de vida que teima em permanecer viva.
Saga Farrapa marcou o Rio Grande
As comemorações da Revolução Farroupilha - o mais longo e um dos mais significativos movimentos de revoltas civis brasileiros, envolvendo em suas lutas os mais diversos segmentos sociais - relembra a Guerra dos Farrapos contra o Império, de 1835 a 1845. O Marco Inicial ocorreu no amanhecer de 20 de Setembro de 1835. Naquele dia, liderando homens armados, Gomes Jardim e Onofre Pires entraram em Porto Alegre pela Ponte da Azenha.
A data e o fato ficaram registrados na história dos sul-ro-grandenses como o início da Revolução Farroupilha. Nesse movimento revolucionário, que teve duração de cerca de dez anos e mostrava como pano de fundo os ideais liberais, federalistas e republicanos, foi proclamada a República Rio-Grandense, instalando-se na cidade de Piratini a sua capital.
Acontecendo-se a Revolução Farroupilha, desde o século XVII o Rio Grande do Sul já sediava as disputas entre portugueses e espanhóis. Para as lideranças locais, o término dessas disputas mereciam, do governo central, o incentivo ao crescimento económico do Sul, como ressarcimemto às gerações de famílias que lutaram e defenderam o país. Além de isso não ocorrer, o governo central passou a cobrar pesadas taxas sobre os produtos do RS. Charque, couros e erva-mate, por exemplo,passaram a ter cobrança de altos impostos. O charque gaúcho passou a ter elevadas, enquanto o governo dava incentivos para a importação do Uruguai e Argentina.
Já o sal, insumo básico para a preparação do charque, passou a ter taxa de importação considerada abusiva, agravando o quadro. Esses factores, somados, geram a revolta da elite sul-riograndense, culminando em 20 de Setembro de 1835, com Porto Alegre sendo invadida pelos rebeldes enquanto o presidente da província, Fernando Braga, fugia do Rio Grande.
Em 1872, o poeta José Hernández publicou El Gaucho Martín Fierro, que se transformou num estrondoso sucesso na Argentina e o levou a escrever La Vuelta del Martín Fierro, em 1879.
A seguir alguns poemas desse épico gauchesco:
"Soy gaucho, y entiendaló
Como mi lengua lo esplica:
Para mí la tierra es chica
Y pudiera ser mayor;
Ni la víbora me pica
Ni quema mi frente el sol
Mi gloria es vivir tan libre
Como el pájaro del cielo:
No hago nido en este suelo
Ande hay tanto que sufrir,
Y naides me ha de seguir
Cuando yo remuento el vuelo.
Muchas cosas pierde el hombre
que a veces las vuelve a hallar;
pero les debo enseñar,
y es gúeno que lo recuerden:
si la verguenza se pierde,
jamás se vuelve a encontrar."
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